segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Qual o limite da beleza?

A preocupação com o corpo parece ser uma característica marcante da sociedade em que vivemos. A eterna busca por uma saúde perfeita, por um corpo perfeito que mantenha as características da juventude, que não demonstre sinais de envelhecimento é uma queixa cada vez mais presente nos consultórios psicológicos. É evidente que a mídia exerce uma influência significativa na construção desses valores, uma vez que existe um verdadeiro bombardeio de anúncios e propagandas que determinam o padrão de beleza ideal e o que fazer para alcançá-lo. Incontáveis dietas e remédios foram criados e são estimulados a serem utilizados sendo que muitos deles, senão a grande maioria, são prejudiciais a saúde. Esses valores também são provenientes da tecnologia e da ciência, especialmente da medicina, e da indústria de cosméticos que reforçam e validam esses valores. A população mundial está cada vez mais preocupada com a aparência estética, todos querem ficar mais bonitos parecendo modelos de moda. Os que alcançam tal proeza e que são a minoria da população continuam com a preocupação constante para manter o corpo e os que não atingem a essa meta utópica desenvolvem sentimentos diversos como a culpa e a insatisfação permanente. Essa pressão imposta pela sociedade se estende a todos, muitos jovens e crianças já apresentam sinais negativos.

O corpo é uma construção sócio-histórica e cultural, portanto, a maneira como percebemos e o vivenciamos será influenciada pelo meio em que vivemos. O corpo é atravessado por diversas esferas de poder, pelas mais variadas instituições como a de consumo, pela religião, ciência e filosofia que apresentam visões diferentes sobre o objeto. No entanto, o corpo não deve ser percebido como um mero agente passivo da influência do meio, ele também é um agente ativo na medida em que produz transformações sociais. A sociedade determina a norma que deve ser seguida valorizando determinadas partes e formas selecionando o que deve ser escondido e o que deve ser mostrado. O corpo sempre esteve ligado aos conceitos de beleza e feiúra seja através das pinturas, das fotografias que demonstram a transformação do que é considerado belo e ideal. Pode-se afirmar então que os padrões são modificados ao longo do tempo de acordo com os interesses políticos, econômicos, sociais e culturais. O corpo de cada indivíduo revela sua singularidade pessoal além de representar determinado grupo, suas leis, crenças, costumes e valores.
Atualmente existem muitas pesquisas sendo realizadas para se alcançar a uma saúde perfeita paralelamente a um corpo saudável que deve ser esbelto, jovem e forte esse modelo está intrinsecamente ligado à felicidade. Logo um corpo velho, que não seja esbelto e que seja frágil deve ser evitado a qualquer preço e a questão do envelhecimento se coloca como um obstáculo a ser superado com o avanço da medicina. Como a população está envelhecendo cada vez mais existe todo um investimento das mais variadas disciplinas para que processo seja retardado.


Será que todas essas medidas paliativas como as cirurgias, dietas, remédios não são uma tentativa de evitar o envelhecimento e no fundo uma tentativa de superar a morte? Não estou defendendo a abolição desses procedimentos, meu objetivo é simplesmente proporcionar uma reflexão acerca da questão. Esses procedimentos são válidos e necessários para determinadas pessoas, mas a sensação que tenho é que existe uma generalização e uma tentativa de padronização.